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MUSCLE CAR: A HISTÓRIA DE UM MONSTRO

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Olá a todos! Hoje lançamos uma nova coluna no Testosterona, abordando todo o universo de automóveis e corridas, como técnicas, curiosidades, dicas e alguns artigos maiores. Eu sou o Cleiton Souza, já trabalhei com preparação e personalização de carros, escrevo sobre automóveis desde 2008 e, agora, vou aparecer aqui toda sexta! Vamos lá:
Quando eu vi Velozes e Furiosos pela primeira vez, ainda no cinema, saí intrigado com a cena de um carro preto empinando ao largar em um farol. Aquilo fodeu minha mente. Passou um tempo e eu lembrava daquilo, até que descobri a realidade das provas de arrancada e, aos 14 anos eu estava viciado no cheiro de fumaça, asfalto e borracha. Aquele carro preto era um Dodge Charger R/T, um dos muscle cars mais memoráveis de todos os tempos.
Muscle car -ou american muscle car- é um termo usado para definir carros fabricados nos Estados Unidos com tamanho relativamente pequeno, tração traseira e motores em V muito mais potentes do que qualquer coisa já vista. O muscle car é forte, tem aparência robusta, impõe respeito, tem grito grave e te faz tremer.
Os muscle cars começaram a aparecer bem no final da década de 40, quando surgiu o Oldsmobile 88. Por um bom tempo o estilo ainda foi meio tímido, já que o estilo Hot Rod ainda era o mais popular entre os fãs de velocidade na rua, mas já rolava de ver algumas máquinas dessas na Nascar. Aí passou uma década e os anos 60 chegaram dando uma voadora de dois pés no peito do povo. Chrysler, Ford, GM, Plymouth, Dodge e outras montadoras viram que o povo queria sentir adrenalina. Se um muscle car estava na Nascar, era certeza que uma versão street ia bombar pra caralho.
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Quando o mero mortal que dirigia lá seu carrinho de 70, 80cv descobriu o Pontiac Tempest riscando o asfalto com aqueles 380cv de potência, pensou: vou vender até minha família e vou arrumar um desses pra mim. E aí foram surgindo outros como Charger, Chevelle, GTO, Barracuda, Mustang, Camaro e uma grande vastidão de beberrões de gasolina. O americano ficou viciado na potência, só faltava beber gasolina! E como em todo vício, a potência já não satisfazia, ficava aquele vazio, o sentimento de “quero mais”. Aí, meu caro leitor, foi onde a porra ficou séria e os carros começaram a empinar que nem nos filmes.
O que já era apaixonante ficou ainda melhor com blowers pra fora do capô, barras protetoras, pneus de pista, redução de peso, mudança de suspensão, nitro, câmbios mais rápidos e muitas bolas pra alinhar num farol de trânsito, meter o pé no acelerador e fazer ¼ de milha em 10 segundos.
Essa geração de malucos sem cu e, consequentemente, sem medo, inspirou a evolução da imagem do carro. Antes ele era só um meio de transporte, ou um símbolo de status financeiro. Nessa virada de estilos iniciada pelos Hot Rod, o carro passou a ser visto como um desafio. Um monstro que tinha mais de 600cv, berrava, corria a mais de 180 km/h, marcava território com seu cheiro e deixava o povo em êxtase.
Abençoado seja quem apareceu com o primeiro desses monstros.